segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Projeto: Diversidade




A Escola Estadual Francisco Inácio de Oliveira - Ensino Fundamental de Tomazina-Pr, desenvolve um projeto: Diversidade, o qual é trabalhado interdisciplinarmente. Um dos objetivos é desenvolver políticas afirmativas que possam contribuir para a superação das desigualdades sociais e raciais na sociedade brasileira tendo em vista que os sujeitos são construídos historicamente.
Cavalleiro (20005,p.3) em seu estudo sobre as relações étnico raciais na escola diz: “o silêncio do professor, no que se refere à diversidade étnica e às suas diferenças, facilita o desenvolvimento do preconceito e ocorrência discriminação no espaço escolar”.
Em matemática a professora ao trabalhar estatística (8ª série, 9º ano) falou sobre a desigualdade racial representada em números, trabalhando frequência e interpretação de gráficos sobre o assunto. Os alunos no laboratório de informática pesquisaram sobre o assunto e desenvolveram a seguinte pesquisa, relatada abaixo.
As atividades tiveram grande resultado, pois pode-se perceber a postura de sujeitos críticos ao analisar alguns dados. 

DIVERSIDADE PODE COMBATER A DESIGUALDADE
A diversidade cultural refere-se aos diferentes costumes de uma sociedade, entre os quais podemos citar: vestimenta, culinária, manifestações religiosas, tradições, entre outros aspectos. O Brasil, por conter um extenso território, apresenta diferenças climáticas, econômicas, sociais e culturais entre as suas regiões.
Os principais disseminadores da cultura brasileira são os colonizadores europeus, a população indígena e os escravos africanos. Posteriormente, os imigrantes italianos, japoneses, alemães, poloneses, árabes, entre outros, contribuíram para a pluralidade cultural do Brasil.
Para falar de igualdade é importante pensar sobre a instituição das categorias para criação das diferenças e o uso político destas para o exercício do poder.
A luta por direitos humanos trouxe, por um lado, uma série de conquistas destes direitos afirmados em nossa legislação. Entretanto, a conquista destes direitos na Lei não foi suficiente para alterar a realidade de discriminação e de preconceito, construída historicamente e que se encontra inserida na cultura e na mentalidade de nossa sociedade e presente no cotidiano de violações destes direitos.
Uma das bases fundamentais dos direitos humanos é o princípio que todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Discriminação e perseguição com base na raça ou etnia são claras violações desse princípio. A discriminação racial pode tomar muitas formas, desde a mais brutal e institucional forma de racismo - o genocídio e o apartheid, até as formas mais encobertas por meio das quais determinados grupos raciais e étnicos são impedidos de se beneficiarem dos mesmos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais comuns a outros grupos da sociedade.
A discriminação racial e étnica continua a ser um dos maiores problemas de direitos humanos no mundo atual, atingindo tanto minorias étnicas quanto, em alguns casos, populações inteiras.
A lei no 10.639, de 9 de janeiro de 2003  estabelece a obrigatoriedade de inclusão de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos da Educação Básica tendo fortes repercussões pedagógicas, inclusive na formação de professores. A relevância do estudo de temas decorrentes da história e cultura afro-brasileira e africana não se restringem à população negra, ao contrário dizem respeito a todos os brasileiros, uma vez que devem educar-se enquanto cidadãos atuantes no seio de uma sociedade multicultural e pluriétnica, capazes de construir uma  nação democrática.

Para debater desigualdade racial, ONU institui 2011 como ano dos afrodescendentes.

Com o intuito de combater o racismo e as desigualdades econômicas e sociais dos negros, a Organização das Nações Unidas (ONU) instituiu 2011 como o Ano Internacional dos Afrodescendentes. Eles estão entre os que mais sofrem com discriminação e dificuldade de acesso a serviços básicos, como educação, segundo o órgão.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), lançou, no final do ano passado, a campanha “Por uma infância sem racismo”.
A taxa de analfabetismo entre a população branca de 15 anos ou mais é de 6,1%, enquanto que para os negros e pardos é de 14,1 % – diferença de 131,1%. Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e constam no 4º Relatório Nacional sobre os Direitos Humanos no Brasil, lançado em dezembro no último ano.
Entre os que estudaram, considerando a população com 25 anos ou mais, a média de escolaridade da população negra e parda é de 5,8 anos, contra 7,8 anos para a população branca.
A campanha do Unicef tem o objetivo de mobilizar a sociedade brasileira para assegurar a igualdade étnico-racial desde a infância.  “Quando os pais e professores promovem a interação e o conhecimento sobre o diverso, estão incentivando à igualdade”, ressalta. “A criança que pode estar em diferentes espaços cresce aprendendo a respeitar o outro.”
Mais da metade de população brasileira tem ascendência africana. De acordo com dados do IBGE de 2009, 51,1% dos brasileiros se reconhecem como pretos ou pardos.
Com a segunda maior população negra do planeta (e primeira fora do continente africano), a missão do Brasil no ano temático da ONU é “chamar atenção para as persistentes desigualdades que ainda afetam esta parte importante da população brasileira”, segundo um comunicado da instituição.

Retratos da Desigualdade – Números que
revelam uma realidade que não queremos ver.

Estes números vêm da pesquisa Retratos da Desigualdade, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Através desses dados podemos concluir que a democracia racial no Brasil é somente um mito, o que não é novidade, e mostra a dimensão da desigualdade racial no nosso país, que é assustadora. Dados:
       44,5% das mulheres negras nunca fizeram exame clínico de mama, contra 27,3% no caso de mulheres brancas;
       A média de estudo entre brasileiros negros é de 5,8 anos, enquanto entre brancos é de 7,7 anos;
       16% dos negros maiores de 15 anos são analfabetos, já entre os brancos a taxa de analfabetismo nesta faixa etária é de 7%;
       O salário médio mensal das mulheres brancas é de R$561,70. O das negras é menos da metade, apenas R$290,50;
       Entre os 10% mais pobres da população, 71% são negros;
       Entre os 1% mais ricos da população, apenas 11,3% são negros;
       Entre os brancos, 77% dos domicílios não têm computador, 82% não têm acesso à Internet e 44% a telefone celular. Entre os domicílios de famílias chefiadas por negros, estes números crescem para, respectivamente, 92%, 95% e 62%
       19,5% da população branca situa-se abaixo da linha de pobreza (meio salário mínimo per capita); entre a população negra, este índice é de 41,70%
   Esses dados são lamentáveis e não falam só isso, tem verdades que estão em silêncio por trás deles. O preconceito que é uma forma de julgar as pessoas sem antes conhecê-las.
Uma sociedade democrática, justa e humanitária pressupõe o respeito a todas as pessoas e a garantia de direitos, independente de sexo, etnia, idade, condições físicas, intelectuais e orientação sexual. Cabem aos conselhos promoverem a discussão na sociedade, estimulando a transformação da mentalidade antiga para estes novos conceitos e visão de homens e mulheres, combatendo as desigualdades e valorizando a diversidade humana, em que todas as diferenças são fundamentais.

Os números da desigualdade racial no Brasil
 



Superando a desigualdade racial:

mudando a visão sobre a cultura e o homem negros.


Assim, vencer a desigualdade racial vai além de dar iguais oportunidades de estudo, trabalho e salário entre negros e brancos. Isso é importante, obviamente, mas será mais o resultado de uma mudança da valorização da cultura negra e, portanto, do homem negro.
Para que a desigualdade racial seja superada faz-se necessário que a cultura vinda do negro seja tão valorizada quanto à do branco, deixando de ser vista como inferior e subordinada a ela. É preciso haver uma maior valorização da sua religiosidade, da sua estética, música, arte, etc.

Fonte:
 http://www.hrea.org/index.php?doc_id=700
Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana, MEC/SECAD
 Envolverde

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